Dachau, um local de memória triste

Localizado cerca de cinco quilômetros ao norte de Munique, o Campo de Concentração de Dachau é umas das lembranças mais vivas do horror da época do nazismo. Construído em 1933, em uma antiga fábrica de pólvora, o campo continua aberto a visitação como uma maneira de relembrar sempre o que aconteceu por ali, e recontar o horror dessa época da história alemã e reafirmar a necessidade de nunca mais se permitir que coisas desse tipo aconteçam.

O projeto desse campo de concentração, o primeiro dos nazistas, serviu de modelo para todos os outros campos espalhados pela Europa durante o período da invasão nazista. Dachau chegou a abrigar mais de duzentos mil prisioneiros e a partir de 1941 foi usado para o extermínio de cerca de trinta mil pessoas. Mas suas vítimas perduraram mesmo após a libertação (29 de abril de 1945), já que os prisioneiros tiveram que ficar em quarentena devido a condição precária de saúde e muitos ainda morreram nesse período, além de outros que acabaram falecendo em decorrência da condição sub-humana a que foram expostos. O local também ficou marcado como uma espécie de “escola da violência”, já que servia de treinamento para soldados da SS.

Logo na chegada, ao sair do estacionamento, é possível começar a vivenciar o horror daquele lugar. Ao lado da entrada principal uma pequena estação de trem e o caminho que os prisioneiros que por ali chegavam faziam até ser presos atrás das cercas. No pátio principal, logo a frente, eram marcados e recebiam as instruções sobre as regras do local. Desse descampado é possível observar os escritórios da SS, o prédio que abriga o museu do local e antigamente era o centro de admissão dos presos, e os dois primeiros barracões que ainda estão de pé onde se pode acompanhar como eram as condições de moradia dos prisioneiros. Também é ali que se encontra a estátua de ferro construída com os restos do local que marcam o horror desse lugar.

A parte do museu (com documentos, fotografias e relatos) bem com as instalações dos galpões nos remetem a época e é impossível não se emocionar. Mas logo atrás dos galpões, seguindo o caminho por onde ficavam os outros é que a parte de Dachau mais forte vai se desvendando. Se ao final da fila de locais dos galpões existem três espaços religiosos erguidos em homenagem aos presos que estiveram por ali, é ao lado dessa parte que se atravessa a cerca (muito utilizada como forma de diversão pelos solados nazistas que matavam os presos como uma forma de passar o tempo) até a área do crematório.

Certamente a parte que mais me emocionou no local. Afinal, conhecer os horrores de uma câmara de gás e onde depois eram cremados os corpos (o que segundo relatos dificultou precisar o número de mortos no local) é chocante. O clima do local é pesado e foi impossível segurar as lágrimas ao imaginar os horrores que aconteciam nesse local. Os presos eram trazidos até lá com a desculpa de tomar banhos coletivos, eram desnudos e colocados na câmara de gás que apesar de ter chuveiros tinha outra finalidade.

Uma visita marcante e que muita gente pode achar desnecessária durante uma viagem a passeio. Mas são justamente os alemães que nos mostram a importância de manter um lugar como esse de pé, através das inúmeras excursões escolares que visitam o local. A cidade de Dachau ficou marcada por esse campo de concentração, e após a libertação das tropas aliadas os moradores foram forçados a conhecer o local. Muita gente se questiona se eles sabiam do que acontecia ali dentro, mas historicamente já ficou provado que a cidade inclusive passou a depender economicamente dos horrores do local.