Paraty: cidade criativa na gastronomia

Paraty é uma encantadora paisagem que abriga um centro histórico singular, conservando marcas do passado colonial em seus casarios e chão de pedra. Todo esse legado histórico se localiza em meio à exuberante Mata Atlântica, próximo a praias de águas claras. Patrimônio Nacional, a cidade recebeu da UNESCO o título de cidade criativa na gastronomia.

O selo da UNESCO gera inúmeros benefícios, como o compromisso do poder público em conduzir ações de sustentabilidade e de organização setorial. É na gastronomia que Paraty pode proporcionar oportunidades de empregos qualificados para seus jovens, preservar ofícios tradicionais e manter a qualidade de seus produtos. Para isso são oferecidos circuitos gastronômicos criativos que se fortalecem como referência em turismo cultural.

A culinária paratiense tipicamente caiçara é uma mistura de iguarias indígenas, portuguesas e algumas de uso africano, confirmando o tripé de culturas sobre o qual o Brasil se assenta. O termo “caiçara” deriva do tupi, dado aos cercados utilizados para pescar. A culinária indígena trouxe pratos como o Azul Marinho, peixe enrolado em folha de banana e assado na fogueira que até hoje são preparados pelos moradores da Ilha do Araújo. Dos indígenas também ficou o legado da utilização da mandioca e a produção da farinha, base de iguarias oferecidas durante as rezas, assim como bebidas e chás feitos de ervas nativas e o alua, refresco feito com a casca do abacaxi.

Uma das festas mais importantes da comunidade caiçara em Paraty é o Festival do Camarão da Ilha de Araújo, criado em 1997 com o objetivo de angariar fundos para a festa de São Pedro e comemorar a abertura da pesca do camarão após três meses do defeso da pesca. Os pratos tradicionais do festival são o camarão com mamão verde, ao alho e óleo, e o Camarão Casadinho.

Da culinária africana foram incorporados o cuscuz de farinha de milho, o gengibre, o coco e o amendoim. Além de doces como cocada, Pé de Moleque e bolo de fubá, há também o caldo de camarão e os pastéis de palmito. Outros pratos de destaque são o peixe à quilombola, a sopa de abóbora com camarão sete barbas, a galinha caiçara servida com banana verde frita e o camarão com taioba.

A maioria dos restaurantes se concentra no Centro Histórico e em seus arredores, cujo cardápio variado oferece desde a tradicional comida caiçara, até a releitura contemporânea destes pratos típicos e a culinária internacional. O segundo polo, em Trindade, destaca-se pela pesca artesanal da tainha, possuindo 25 restaurantes que ofertam pratos típicos da culinária caiçara.

Aspectos como a vivência em sítio agroflorestal e o prazer da culinária contemporânea em mesa de chefs renomados faz de Paraty um território ideal para promover experiências gastronômicas inéditas e com grande potencial de se tornar um novo polo de criatividade da culinária brasileira.