Entrevista: Talita Antunes – jogadora de vôlei de praia

Talita Antunes, 33 anos, é jogadora de vôlei de praia. Através do esporte conheceu muitos lugares no Brasil e no mundo e conversou com o Maior Viagem sobre suas experiências de viagem. Com duas experiências olímpicas (Pequim-08 e Londres-12), seu time com Larissa é apontado como um dos favoritos as medalhas nos Jogos Rio-16. Nascida em Aquidauana (MS), a tricampeã do Rainha da Praia e atual bicampeã brasileira já morou em Campo Grande (MS), Maceió (AL), Rio de Janeiro (RJ) e atualmente treina e mora em Fortaleza (CE).

MV: Qual a sua maior viagem? Por quê?

T: Lembro a primeira vez que eu fui jogar na Ásia, quando conheci a China e o Japão em 2005. Fui pro outro lado do mundo, lugares com cultura completamente diferente. Jamais imaginava conhecer esses lugares e aconteceu logo no primeiro ano que comecei a disputar o Circuito Mundial. Eu jogava com a Renata Trevisan na época e investimos todo o nosso dinheiro nesse sonho de começar a disputar os torneios lá fora. Fomos só nós duas, com duas bolas e mais ninguém de comissão técnica. Passamos por diversas situações engraçadas, que hoje a gente lembra e conta rindo.

Já a passeio a minha maior viagem foi quando fui pra Disney com a minha irmã. Ela estava completando 15 anos e dei a viagem de presente. Incialmente ela queria ir pra Europa, mas dei a ideia de irmos pra Disney já que a Europa rodo muito a trabalho. Ela gostou da ideia e a viagem foi ótima, nos divertimos muito.

MV: Você consegue conhecer os lugares que acaba viajando para jogar? Como concilia isso?

T: Depende muito da etapa. Eu sempre tento conciliar porque gosto de conhecer os lugares, de passear. Como meu principal objetivo nas etapas é jogar, preciso descansar, mas sempre que possível gosto de conhecer alguma parte da cidade, principalmente quando o hotel é próximo da arena e é bem localizado. Em alguns lugares acaba tendo etapa mais de um ano e assim é possível ir conhecendo esses lugares aos poucos.

MV: Você imaginava conhecer tantos lugares por conta do seu trabalho?

T: Não, nunca. Nem passava pela minha cabeça. Eu sou do interior do Mato Grosso do Sul – Aquidauana – e nunca imaginava que fazendo o que eu gosto, jogando, eu ia conhecer o mundo. Hoje quando estou com os meus amigos acabo lembrando a oportunidade que eu tenho de conhecer o mundo através do esporte, uma coisa que eu adoro fazer. Sou realizada pelo vôlei me dar essa oportunidade de conhecer tantos lugares, tantas culturas diferentes.

MV: Quando você olha o seu passaporte qual o visto ou carimbo que te chama a atenção?

T: Eu nunca imaginei que eu teria vários vistos da China. Se eu não imaginava que fosse viajar tanto na minha vida, quanto mais ir a China tantas vezes. Além das etapas que jogo pelo Circuito Mundial lá, também foi na China onde participei da minha primeira Olimpíada.

MV: Você viaja tanto por conta do trabalho. Quando está de folga gosta de viajar também ou é mais caseira?

T: Eu gosto de viajar, até porque viajar a passeio é totalmente diferente. Nas minhas férias eu sempre tiro um tempo para conhecer algum lugar. Adoro passar o ano inteiro planejando a minha viagem de férias, pensando no lugar pra visitar, pesquisando sobre o lugar. Quando viajo a passeio é outro clima, eu planejo tudo, penso na viagem, o foco é outro e muito mais prazeroso.

MV: Dos lugares que você conheceu a trabalho qual você gostaria de voltar depois a passeio para conhecer melhor?

T: Um lugar que eu conheci muito é Paris. É um lugar que eu já joguei várias vezes e sempre consegui conciliar o torneio com passeio e um pouco de diversão. Mas é a cidade que eu tenho mais vontade de voltar com calma para passear.

Também conheci a Tailândia, que é um lugar que fui para jogar e fiquei encantada. Até consegui ficar um dia depois do torneio para aproveitar, mas penso em voltar. Só que pra lá acabo ficando com uma certa preguiça por conta da distância. Nesse caso o fato de viajar tanto pesa, e fico imaginando que vai ser desgastante uma viagem longa assim.

MV: Existe algum lugar que você conheceu e não gostou? Por quê?

T: Não tem nenhum lugar que eu não tenha gostado de conhecer. Alguns posso não quere voltar, mas foi uma experiência legal ter conhecido. Até a China mesmo, que sempre acabo citando como um lugar complicado pela cultura diferente e a distância, esse ano eu não vou jogar as etapas de lá e me peguei outro dia pensando que vou sentir falta.

MV: Qual lugar do mundo que você ainda não conheceu e tem vontade?

T: Tem vários. Mas um lugar que tem etapa há dois anos e eu ainda não joguei lá é Praga. Todo mundo fala que é muito bacana e eu gostaria de conhecer. Talvez pelo fato de ter etapa lá e eu não ter jogado ainda aumente essa vontade.

MV: Janela ou corredor?

T: Janela pra apoiar a minha cabeça, mas corredor porque eu tenho as pernas compridas. Fico sempre nesse dilema, porque para descansar é melhor a janela mas faz falta poder esticar as minhas pernas no corredor.

MV: O que não pode faltar na mala?

T: Meus cremes, tanto pro cabelo quanto pro corpo, computador e meu telefone. Preciso me comunicar com as pessoas, às vezes ficamos muito tempo lá fora e o computador e celular ajudam a não sentir tanta falta de quem está no Brasil. Também gosto de levar meus livros pra passar o tempo nas viagens.

MV: Qual foi a maior furada em viagem?

T: Teve uma vez na Noruega em que eu fiz uma reserva de hotel pelo Booking. Lá é tudo sempre lotado e caro e chegamos tarde no hotel. Quando eu olhei, parecia um hotel de beira de estrada, totalmente diferente do que parecia nas fotos do site. Eu nem desci do transfer do aeroporto e segui pra tentar outro lugar pra ficar. Apesar de ser tarde da noite a gente acabou conseguindo uma pensão pra ficar, foi a nossa sorte.

MV: Uma dica de viagem para o leitor do Maior Viagem.

Uma das coisas mais legais que eu acho é comprar aqueles tíquetes de metrô que dão direito a entrar e sair várias vezes em Paris. Eu sempre fazia isso, comprava o bilhete, anotava estação que eu tinha que voltar e aproveitava para sair andando pela cidade. Pegava o mapa, escolhia um lugar para ir, saía tirando foto, entrava em outra estação e assim por diante. Paris é uma cidade que vale muito a pena fazer isso.