Templos em Kyoto: Região Noroeste abriga boa parte deles
Quando comecei a pesquisar sobre o que fazer em Kyoto uma curiosidade me surgiu: afinal, são quantos templos em Kyoto? Não consegui a resposta concreta, mas garanto que são muitos templos e santuários na antiga capital imperial. Isso torna Kyoto o destino a ser visitado por quem quer ver de perto a cultura milenar japonesa, mas adianto que são tantos templos para visitar na cidade e no resto do país que confesso que em alguns momentos se torna um pouco cansativo.
Uma dica é organizar a sua viagem para Kyoto por regiões, evitando assim ter que ficar andando em diferentes sentidos na cidade. O sistema de trem é bom, mas dentro mesmo da cidade o melhor são os ônibus. Mas uma outra boa opção é pegar taxis mesmo, já que os trajetos não costumam ser muito longos e é uma alternativa mais confortável. Foi o que fiz quando fui visitar o noroeste da cidade, onde está a maior concentração de templos em Kyoto. Entre um e outro fui a pé, mas vale ficar atento porque a distância não é tão pequena e não tem quase nenhum comércio bom (incluindo restaurantes). Ao todo são seis templos ou santuários que merecem destaque. Mas, como falei anteriormente, visitar todos se torna um pouco cansativo, até porque muito deles tem bastante coisa para conhecer. Por isso faça a sua escolha com a descrição de cada um deles, selecione quais você faz questão de conhecer e veja o que você quer ver em cada um. Ou aumente seu tempo na cidade e conheça cada um deles em detalhe.
Começamos pelo Templo Nina-Ji que chegou a ter 60 subtemplos. Porém, depois de um incêndio o local ficou reduzido ao tamanho atual. Fundado em 888 D.C. pelo Imperador Uda, que após se retirar do trono se tornou o primeiro Monzeki (sacerdote aristocrático), tem como destaques o pagode de cinco andares, o conjunto de cerejeiras-anãs que estão justamente no caminho até o pagode e o salão principal do templo que tem paredes de telas pintadas e um jardim murado. Considero um dos que não devem deixar de ser visitados.
Outro que é famoso é o Templo Ryoan-Ji, por conta do seu jardim de pedras (outro que deve ser visitado). É considerado um dos exemplos perfeitos da expressão do zen-budismo com seu jardim de cascalho branco com quinze pedras em padrão linear que facilitam a meditação. Uma curiosidade é que as pedras são dispostas de modo que quando se olhe do jardim de qualquer ângulo (menos de cima) apenas catorze dos pedregulhos são visíveis ao mesmo tempo. Tradicionalmente afirma-se que apenas através da iluminação alguém poderia ser capaz de observar as quinze pedras. Outro destaque do templo é o lago.
Próximo a esses dois primeiros templos está o Templo Myoshin-Ji, que é na verdade um complexo de templos. Foi destruído durante a Guerra Onin, mas foi reconstruído e hoje ostenta impressionantes 47 subtemplos ornados com pinturas e obras de arte. As estruturas principais estão alinhadas ao estilo zen-budista, incluindo o Hatto (salão de palestras famoso pelo dragão pintado no teto) e o sino mais antigo do Japão. Entre os subtemplos se destacam o Keishun-in, conhecido pelos seus quatro jardins e o arvoredo de chá, o Taizo-in, com jardim seco e a pintura “Pegando um bagre com uma cabaça”, o Reiun-in, que tem obras de Kano Motonobu, e o Tenkyu-in, que abre em dias especiais da primavera e outono exibindo as suas pinturas de Kano Sanraku.
Um dos mais visitados templos em Kyoto, e para mim o mais impressionante da região noroeste, é o Templo Kinkaku-Ji, conhecido como Pavilhão Dourado. Da época medieval, o atual Templo na verdade é uma réplica do original que foi destruído em um incêndio criminoso em 1950 provocado por um monge com problemas mentais. Mesmo assim atrai milhares de turistas que visitam o belíssimo local para ver o pavilhão todo coberto de folha de ouro puro e seu reflexo no lindo lago espelhado e emoldurado por um belo jardim. Considero um lugar imperdível em uma visita a Kyoto, ainda mais em dias ensolarados quando o reflexo do ouro se torna ainda mais impressionante. Vale ficar atento também a fênix chinesa de bronze que está bem em cima do Templo.
Se você ainda estiver com tempo e disposição, os dois últimos pontos de interesse dessa região podem ser visitados. O Santuário Kitano Tenman-Gu foi construído para acalmar o espírito de Sugawara Michizane, famoso político acusado e exilado injustamente por seus rivais políticos. Dizem que após o exílio uma série de desastres naturais aconteceram, todos creditados a uma espécie de maldição Sugawara. Como era também poeta e erudito, seu nome é muito associado à educação e por isso milhares de estudantes usam o local para rezar por sucesso nos exames. Se estiver em Kyoto no dia 25 de qualquer mês não deixe de conhecer a famosa feira de antiguidades do local. Já o Templo Daitoku-Ji, fundado em 1325, é relacionado a cerimônia do chá. Seus subtemplos abrigam famosas casas de chá com lindos jardins, como o Daisen-in e seu jardim seco, o Koto-in e seu bosque de plátanos e o Zuiho-in e seu moderno jardim com pedras dispostas em forma de crucifixo.
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