Conhecendo o lendário Stonewall Inn

Qualquer viajante LGBT sempre busca informações sobre bar gay no destino. Em uma cidade conhecida por sua diversidade, não faltam opções em Nova York. Mas um em especial é imperdível. Afinal, conhecer o Stonewall Inn é marcante para qualquer membro da comunidade, já que o local foi palco da revolta que é considerada um marco na luta pelos direitos LGBT nos Estados Unidos e no mundo.

Especialmente durante a World Pride, que celebrou os 50 anos da Revolta de Stonewall, visitar o local foi ainda mais inspirador e emocionante. Mas seja qualquer época que você esteja em Nova York, não deixe de visitar o local. Além de ser um interessante bar gay em Nova York, perfeito para tomar alguns drinks no fim de tarde ou no início da noite, o Stonewall Inn é ainda um lugar histórico para os LGBTs. Por isso, estar ali é muito mais do que somente frequentar mais um bar, é também conhecer parte da história e celebrar toda a luta que nos garantiu alguns direitos conquistados até hoje.

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O Stonewall Inn já funcionava como um restaurante/bar em Greenwich Village, até que em 1966 uma reforma comandada pelos seus donos o transformou em um bar gay. Comandando pelo grupo mafioso Cosa Nostra Americana, o local viu na comunidade local – o bairro era muito habitado pela comunidade LGBT – uma oportunidade de ganhar dinheiro. O submundo do universo gay naquela época era perfeito para a venda de bebidas alcoólicas, que tinham restrição na época. Embora, para isso, os mafiosos pagassem constantemente a polícia para manter o local aberto.

Frequentado principalmente pelor homens gays, o Stonewall Inn também recebia a população LGBT marginalizada, como transsexuais e drag queens. Algumas mulheres lésbicas também frequentavam o local, que foi o primeiro bar gay em Nova York a ter pista de dança. O ambiente escuro e a entrada controlada através de porta fechada com olho mágico e até mesmo assinatura de livro – embora frequentemente feita com nomes fictícios por parte dos frequentadores, temerosos com a perseguição policial – para comprovar que se tratava de um clube fechado de consumo de bebida, faziam o lugar perfeito para que essa população, até então marginalizada e que vivia em guetos, pudesse se encontrar.

Até que no início da madrugada de 28 de junho de 1969, uma batida policial mudaria o rumo da história do Stonewall Inn e da comunidade LGBT no mundo. Ao contrário do que frequentemente acontecia, aquela incursão policial não teve conhecimento prévio dos donos do bar. O clima já começava estranho e quando as luzes se ascenderam para a tradicional revista e checagem de documentos, alguns frequentadores incomodados com a ação se recusaram a obedecer as ordens. Mesmo os liberados pela polícia, estranhamente naquele dia não foram correndo se esconder em suas casas e ficaram nos arredores do Stonewall Inn observando a ação policial. Não demorou muito para que curiosos e LGBTs que não estavam no bar começassem a se juntar também na praça que fica em frente.

Com a recusa em seguir as regras a polícia resolveu levar um grande grupo para a delegacia, mas a chegada dos camburões demorou mais que o normal. Todo esse clima, somado a uma ação desorganizada, parecem ter criado o ambiente para que algo acontecesse. Foi então que uma mulher lésbica algemada, ao ser conduzida de forma violenta para o camburão, sendo golpeada na cabeça por um policial, gritou para as pessoas do lado de fora: “Vocês não vão fazer nada?”. Foi o ponto de ebulição, e quando o primeiro grito de “Gay Power” veio do grupo que se juntava em frente ao Stonewall Inn, os LGBTs se revoltaram e começaram a gritar palavras de ordem contra a polícia e a tacar moedas – em referência a extorsão que os policiais faziam de forma ilegal – e garrafas. O tumulto logo cresceu de tamanho, fazendo com que os policiais precisassem se abrigar dentro do bar a espera de reforço.

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Não havia mais como segura uma comunidade que por anos sofreu calada com os abusos e brutalidade da polícia. A chamada Revolta de Stonewall Inn se alastrou por horas nas ruas ao redor do bar e até o mesmo foi incendiado pelos LGBTs que acusavam a máfia de se aproveitar de sua condição de clandestinidade para lucrar. Depois de horas de confronto a situação foi controlada pela polícia, mas curiosamente um aviso que o bar abriria normalmente no dia seguinte colocado na porta parece ter sido um sinal de que nada mais voltaria a ser como antes. Na noite seguinte uma multidão ainda maior se juntou a frente do bar para protestar. A comunidade gay finalmente saia dos guetos e dos ambientes fechados, como o próprio Stonewall Inn, para em praça pública (literalmente) lutar por seus direitos.

Uma série de confrontos com a polícia aconteceram por dias seguidos. Nos meses seguintes as organizações de luta pelos direitos LGBT se tornaram maiores, ganharam força e até novas foram criadas. O caminho que até então passava pelo diálogo e apresenta resultados pífios, passou a ser melhor organizado e com protestos e ações que chamariam mais a atenção. No ano seguinte, em 28 de junho de 1970, marchas aconteceram em Nova York, Los Angeles, San Francisco e Chicago para marcar um ano do fato. Nasciam assim as primeiras Paradas do Orgulho LGBT do mundo.

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