O futuro já começou: Rio abre as portas do Museu do Amanhã

Umas das obras mais impressionantes do programa Porto Maravilha, que está revitalizando toda a região portuária do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã já chama a atenção de quem visita a nova Praça Mauá pela sua beleza e grandiosidade. Mas, a partir desse sábado (19/12) o público também poderá conhecer o interior do mais novo museu da cidade. O Maior Viagem foi convidado a conhecer em primeira mão o local e conto agora para vocês o que esse novo ponto turístico carioca oferece.

Construído em uma área de 34.000 metros quadrados o prédio projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava já é uma obra de arte. Inspirado pelas bromélias do Jardim Botânico, o edifício avança em direção a Baía de Guanabara rodeado por um jardim projetado pelo escritório de Burle Marx, com direito a uma ciclovia, e um espelho d’água que também tem uma função sustentável. Aliás, todo o prédio foi projetado pensando nessa questão, tanto que as placas externas do edifício captam energia solar e o sistema de refrigeração utiliza água captada da Baía, que é devolvida depois de tratada e sua temperatura equilibrada através justamente do espelho d’água. A área externa será aberta ao público, como uma continuidade da nova Praça Mauá, inclusive o restaurante que será inaugurado de frente para o espelho d’água no próximo ano.

museu do amanhã exterior

Mas se a parte externa do museu já vale a visita, é impossível não deixar de conhecer seu interior. Até porque bons motivos não faltam: ambiente agradável com vista deslumbrante (o museu tem muita parte de suas fachadas em vidro), exposição permanente interessante e interativa, programação de mostras temporárias instigantes e preço super convidativo – R$ 10,00 a entrada (R$ 5,00 meia entrada).

Logo na entrada a interatividade do museu dá as boas-vindas ao visitante, que ao se cadastrar no sistema Íris (que funciona como uma espécie de assistente digital) poderá escolher em qual idioma quer fazer a visita – português, inglês ou espanhol. O cartão magnético de cadastro garantirá então que em toda a mostra permanente o visitante possa imediatamente ter a legenda no idioma escolhido, bastando passar o mesmo pelo leitor da parte que está visitando. Além disso, o sistema depois armazenará o roteiro feito pelo visitante, que em uma próxima visita ao museu saberá quais partes já visitou e o que falta conhecer. Além disso, com esse cadastro, e analisando o perfil de qual parte o visitante teve mais interesse, o museu poderá convidar para palestras e eventos relacionados aos temas preferidos de cada um.

museu do amanhã interior

Interatividade aliás que parece ser a palavra chave do Museu do Amanhã. Ainda na entrada um globo terrestre vindo do teto atualiza quase em tempo real as condições climáticas do mundo naquele momento. Uma pequena mostra do que está por vir na exposição permanente, localizada no segundo andar. Baseada nas cinco perguntas principais que a humanidade fez e continuará se fazendo ao longo do tempo – de onde viemos, quem somos, onde estamos, para onde vamos e como queremos ir? – toda mostra foi organizada de forma didática para fazer o visitante refletir sobre o impacto das ações de hoje no futuro da humanidade.

O passeio começa pelo Portal Cósmico – única parte da mostra permanente que precisa ser agendada pelo visitante ao ingressar no museu – onde um filme em 360 graus fala sobre a origem do universo em 8 minutos, gravado com ajuda dos óculos de realidade virtual, mostrando do micro para o macro. Na sequência uma série de mesas interativas explora o conteúdo no horizonte cósmico, como expectativa de vida, avanços tecnológicos e a terra medida em números. Uma viagem para entender “de onde viemos”.

museu do amanha portal cósmico

A segunda parte da visita fala sobre “quem somos” através de três grandes cubos que simbolizam a matéria, a vida e o pensamento. No cubo da matéria, com fotos reais da Terra cedidas pela Nasa na parte externa, o visitante entra numa instalação que para mim é a mais poética do museu. Uma tela de fundo passa vídeos sobre o planeta enquanto um pano flutuante hipnotiza pela leveza e beleza de seus movimentos. O cubo da vida adornado com a cadeia de DNA de um ácido que compõe uma proteína que é comum a todos os seres vivos explora a diversidade da vida. Internamente os seis ecossistemas onde o museu está inserido são mostrados em fotos da fauna e flora e painéis interativos onde podemos experimentar o impacto exercido sobre ele, caso uma das espécies existentes nesses ecossistemas fosse retirada. Com a representação de sinapses do cérebro de um homem de 30 anos o cubo do pensamento encerra essa parte da visita. Internamente passeamos por uma “floresta” de fotos de como diversas culturas vivem o que produzimos a partir do pensamento, como cultura, religião, patrimônio, agricultura, inovação, entre outros temas.

museu do amanhã cubos quem somos

Bem no centro do museu está a principal parte da exposição. A era do Antropoceno é representada em uma instalação que tem seis totens de led com dez metros de altura, onde o impacto do humano na terra é demonstrado. Os totens inclinados, seu gigantismo e o som alto dessa parte impactam e nos faz refletir sobre “onde estamos”, o que estamos fazendo e a consequência dos nossos atos.

museu do amanhã antropoceno

Para nos fazer pensar sobre “para onde vamos”, a parte dos amanhãs provoca através de jogos interativos a reflexão sobre o planeta, a sociedade e o humano do futuro. Uma forma de mostrar o impacto que cada ação individual hoje provocará no nosso amanhã. As pegadas ecológicas do primeiro jogo demonstram quantos planetas seriam necessários por ano se todo a humanidade tivesse o mesmo padrão de vida do visitante. No jogo das civilizações as decisões tomadas por quatro pessoas ao mesmo tempo, baseadas em temas importantes como consumo, produção e moradia, mostram se a sociedade iria triunfar ou colapsar. O último jogo mostra através da construção de um personagem, feita através da resposta a sete perguntas, como seria o seu humano do amanhã.

museu do amanha portal amanhãs

A parte mais contemplativa do museu é o Nós, para que depois de tantos estímulos possamos pensar “como queremos ir”. Uma enorme estrutura de uma oca estilizada dá a sensação de movimento através do jogo de luzes. No centro há uma churinga, objeto da cultura aborígene australiana que é utilizado para passar conhecimento através das gerações. A ideia é que nesse momento cada um possa pensar o que queremos deixar de legado para o futuro.

museu do amanha nós

Ainda há espaço para palestras em um auditório, exposições temporárias e um laboratório de atividades – todos localizados no primeiro andar. Para a estreia do museu a exposição temporária será de projeção de imagens em panos pretos da demolição do Elevado do Joá – que ficava na região – considerado como o marco inicial para a revitalização dessa parte da cidade. Além disso, no primeiro fim de semana será feita uma virada cultural de 36 horas (das 10h de sábado até as 18h de domingo) com entrada gratuita e uma série de atividades na Praça Mauá.

Serviço:

Localização: Praça Mauá, Centro – Rio de Janeiro (RJ).

Horários: Terça a domingo 10h às 18h – último horário de entrada 17h)

Valor: R$ 10,00 (R$ 5,00 meia entrada) – gratuito às terças