O que deu certo e errado no Rock in Rio 2024
Um balanço da edição que comemorou o 40 anos do festival
A edição era de festa, celebrando os 40 anos do festival. Com um balanço mais positivo que negativo é hora de conferir o que deu certo e errado no Rock in Rio 2024.
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A edição ficou marcada também por ser a primeira a não ter todos os ingressos esgotados. Segundo a organização, dos três dias que até a véspera do evento ainda tinham ingressos disponíveis, apenas dois não chegaram a lotação máxima. Segundo Roberta Medina, Vice-Presidente da Rock World, empresa que organiza o festival, foram cerca de 8 mil ingressos que não foram vendidos.
Em entrevista para a Veja Rio, a filha do criador do festival creditou ao alto custo de passagem e hospedagem para vir ao Rio como um dos motivos do “encalhe”. Mas fato é que os preços praticados em todas as edições sempre foram altos. Além disso, a sensação de quem esteve na Cidade do Rock é que em alguns dias, em especial o chamado ‘Dia Brasil’ o público era bem menor que o habitual.
Seria a não lotação o primeiro erro do Rock in Rio 2024? Opiniões a parte, vamos ao que de fato analisamos sobre o evento que terminou ontem (22/09).
Deu certo
Acesso ao evento – Mais uma vez o Rock in Rio comprovou que a cidade já está pronta para receber o festival. O sistema de transporte público funcionou bem de uma maneira geral, inclusive no dia que houve apreensão já que aconteciam jogos de futebol importantes em paralelo. Foram poucos os relatos de desconforto para usar o BRT e Metrô, com apenas reclamações pontuais no dia 21/09.
Circulação – As mudanças de localização de algumas estruturas gerou apreensão do público quando foram anunciadas. Mas passados os 7 dias de festival ficou comprovado que a organização conseguiu melhorar ainda mais o fluxo do público. Em especial a nova posição do Palco Sunset foi aprovada por quem esteve na Cidade do Rock.
Banheiros – Esse é um acerto que o Rock in Rio apresenta em todas as suas últimas edições. Em um evento que reúne 100 mil pessoas de uma maneira geral os banheiros funcionaram bem. Houve problemas isolados no primeiro dia, que foram resolvidos depois. Uma das novidades foi o aplicativo avisando quais tinham vaga, mas o ideal seria que ele mostrasse o percentual de ocupação, assim como era sinalizado na entrada de cada um dos pontos espalhados pelo evento.
Pontos de Hidratação – O Rock in Rio já fornecia água gratuita para o público antes mesmo de virar lei. Mas o que já era bom se tornou ainda melhor com os locais para pegar água melhor sinalizados, maiores e com menos fila que nos anos anteriores.
Acessibilidade – Este certamente foi o grande destaque do Rock in Rio 2024. Além de pré-cadastro para organizar melhor, as plataformas para PCDs eram maiores e com melhor visibilidade. Além disso, estreou este ano os intérpretes de sinais nos telões durante os shows e a sala sensorial, para pessoas com espectro autista.
Mais variedade de comida e bebida – Pela primeira vez o Rock in Rio teve diferentes bebidas alcoólicas além de chope (gin e vinho). Além disso, a variedade dos pontos de venda de comida chamou a atenção. Haviam mais opções para todos os gostos e bolsos.
Shows após o headliner do Palco Mundo – Os inimigos do fim foram exaltados nesta edição. Se antes apenas o palco eletrônico funcionava para quem queria curtir ao máximo o festival, este ano após o headliner do Palco Mundo se apresentar havia atração no sunset, ampliando a opção e fazendo com que mais gente ficasse, o que alivia o gargalo na saída do público. Mas neste quesito coube a um patrocinador o destaque: O Pavilhão Itaú teve um line up incrível e em especial no show da Xuxa ganhou status de palco oficial do evento tamanha a demanda de público.
Pode melhorar
Destaques para todos os palcos – Cada vez mais o Rock in Rio investe em levar para todos os palcos boas atrações. O Espaço Favela, por exemplo, se firma cada vez mais como um palco que atrai muito público. Até mesmo o estreante Global Village teve seus momentos especiais. Porém, com a presença de nomes grandes, mesmo com a mudança de posição e ampliação da boca de cena, o Palco Sunset se mostrou em alguns momentos pequeno demais para determinados shows, como o de Mariah Carey.
Tempo entre as atrações – Mesmo com um bom fluxo do publico, a primeira edição em que desde o início os shows foram alternados entre o Mundo e o Sunset acabou provocando “atraso” para chegar nos shows. Sem intervalo entre as atrações, ou as pessoas começavam a se descolar antes do fim do show anterior ou chegavam atrasadas no seguinte. Houve até momento em que os shows aconteceram por alguns minutos de forma simultânea. Um tempo curto de intervalo já resolve o problema.
Mudanças dos horários de shows – Claro que mudanças de última hora sempre acontecem. Mas a impressão é que esta foi a edição que teve mais alterações nas ordens dos shows. Além de acontecerem em cima da hora, a comunicação das alterações discreta. Isso fez com que algumas pessoas perdessem o show que queriam.
Copos reutilizáveis – Principal novidade para a redução do descarte de lixo os copos reutilizáveis estrearam no Rock in Rio com polêmica. Apesar de atingir o objetivo, como para cada tipo de bebida era preciso um copo específico, as pessoas reclamaram muito. Além disso, os copos de brinde das marcas e até mesmo os vendidos oficialmente como lembranças não podiam ser utilizados.
Pontos de recarga de celular – Com o evento cada vez mais digitalizado é impossível não levar o celular. E com tantas horas não há bateria que aguente. Diferentes patrocinadores colocaram pontos de recarga de celular disponíveis espalhados pela Cidade do Rock, mas o número precisa ser ampliado para suportar toda a demanda.
Ativações/brindes – Disputadas mais até do que alguns shows, as ativações e brindes das marcas parceiras já viraram uma atração a parte no Rock in Rio. Mas é preciso repensar como elas funcionam já que enormes filas foram registradas atrapalhando até de certa forma um fluxo melhor no espaço.
Deu errado
Dia Brasil – Anunciado como a novidade deste ano no line up e uma celebração aos 40 anos do Rock in Rio, o ‘Dia Brasil‘ foi de longe a maior dor de cabeça desta edição. Do encalhe dos ingressos a cancelamento de participações, teve de tudo. Já no anúncio sobraram críticas ao esquecimento de regiões do país e, para piorar, uma falha técnica no primeiro show do dia causou atraso gigantesco em efeito cascata em todas as outras apresentações.
Falhas técnicas – Por mais que a maior parte dos shows tenham acontecido sem problemas, um evento do tamanho e tradição do Rock in Rio não pode apresentar falhas no som e no telão, como constatadas em diferentes dias.
Revista na entrada do público – Feita para garantir a segurança dos presentes, a revista, especialmente em horários de pico, não era feita de forma eficiente. O resultado foi a presença de objetos proibidos, inclusive sinalizadores.
Agendamento dos brinquedos – Para dar uma melhor experiência ao público, pela primeira vez os brinquedos podiam ser agendados pelo aplicativo ao chegar na Cidade do Rock. O problema começou quando a Tirolesa, o mais disputado, já desde o primeiro dia foi no esquema antigo, com marcação de horário no próprio brinquedo. Mas a maior dor de cabeça foi mesmo o fato dos horários esgotarem antes da abertura dos portões para o público me geral. Só quem paga mais caro para ter o benefício de entrar antes na Cidade do Rock conseguia agendar os mais disputado.
Venda antecipada comida/bebida – A ideia é boa, para aliviar os pontos de venda de bebida e comida e dar até mais conforto com filas exclusivas para a retirada. Mas a prática foi muita reclamação na falha do sistema, criando dor de cabeça para quem optou por um serviço que era para facilitar.
Entrega de comida e bebida – Se a decisão de ter apenas pagamento digital dentro do evento se mostrou eficiente para diminuir a fila da compra de produtos alimentícios, o serviço de entrega do produto (bebida e comida) foi muito lenta gerando enormes filas. A Gourmet Square, espaço de gastronomia mais sofisticado, também precisa ser repensada para a diminuição da fila.
Babilônia Feira Hype – Uma das novidades desta edição, apesar de ser uma marca conhecida dos cariocas, a feira de venda de produtos de moda de pequenos produtores não teve liga com o evento. O espaço ficou a maior parte do tempo vazio e a impressão é que as vendas foram baixas.
Aplicativo Jaé – Indicado como a forma ideal de pagamento para o uso do BRT Expresso o aplicativo já era dor de cabeça porque não funcionava para quem ia fazer a integração com o metrô. Além disso aconteceram muitos relatos de problemas com o sistema. Quem usou o Riocard conseguir acessar o transporte público de maneira muito mais eficiente.
Simone Figueiredo
Além das falhas absurdas do som no palco Sunset, que era notoriamente mais baixo, que o do palco Mundo, isso num show é inadmissível!! E para piorar a retirada do benefício de quem é Club Fã e portanto paga mais caro, para justamente entrar 30 minutos mais cedo, a partir de 2026 terá que entrar junto com toda a população presente, ou seja, qual o benefício de continuar pagando mais R$ 349,00, só pra ter uma fila diferente? Me poupe, zero atrativo!! E se a jogada é pra forçar pagarmos mais caro, vão perder um coro para além de 8 mil ingressos encalhadas!