Até quando biscoitar é legítimo? Tem influencer pelado por um bom motivo
Nilton Oliveira lançou Clube do Livro
Seria possível usar a exposição do próprio corpo nas redes sociais para alcançar um objetivo nobre? O mineiro Nilton Oliveira, de quarenta anos, parece crer que sim. Ele é o influencer pelado que achou no próprio corpo uma maneira de chamar a atenção para um motivo nobre.
Em uma era onde conhecimento e influência virtual se misturam, driblar os algoritmos nas redes sociais parece ser algo cada vez mais importante para conseguir passar sua mensagem. Pensando nesta realidade, e na necessidade de debater temas sociais e literários de importância na atualidade, o criador de conteúdo optou por disseminar conhecimento de uma forma inusitada. Mostrando seu corpo, por vezes nu, Nilton pauta livros e debates que julga valorosos.
A sensualidade é, portanto, uma isca para atrair uma fatia do público que, talvez, não necessariamente se importaria em entrar nas discussões trazidas pelo influencer. Oliveira tenta instrumentalizar a tão famosa “biscoitagem” – exposição do corpo nas redes – dando a ela uma finalidade aparentemente nobre, qual seja a disseminação de conhecimento e formação de senso crítico em um período onde a politização alcança graus nunca antes vistos e a importância do voto consciente se comprova diariamente.
Neste mês de outubro, o mineiro optou por começar uma espécie de clube do livro debatendo “Quem Manda no Mundo?”, do acadêmico Noam Chomsky, uma das maiores vozes progressistas vivas e talvez o maior crítico à mercantilização e egocentrismo do capitalismo tardio. Nilton utiliza os argumentos do autor para convidar seus seguidores a compreender as informações políticas que recebem de forma crítica e contextualizada, para que possam interpretá-las para além das manchetes.
O avanço da política espetacularizada, a tomada de redes sociais por demagogos de todos os tipos e a mudança paradigmática na difusão de informação demanda um trabalho árduo para os que desejam influenciar o contexto sociopolítico de suas comunidades. O mineiro, contudo, parece empregar uma estratégia interessante para quebrar estas e outras barreiras: ser sexy em nome da ciência nunca foi tão estratégico.