Entrevista: Mauriciano Cavalcante – diretor de câmbio

Viajar para o exterior exige planejamento financeiro e é comum que apareçam dúvidas para lidar com câmbio, principalmente em meio ao atual cenário de instabilidade econômica. Para ajudar quem vai desembarcar em outro país, entrevistamos Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas com 30 anos de experiência no mercado de câmbio.

MV: Qual o limite para compra de moeda estrangeira?

M: Há um limite de R$ 10 mil para compra de câmbio em espécie. Para uma quantia maior, é necessário comprovar capacidade financeira – por meio de uma declaração de algum bem, por exemplo – e a transferência é feita na conta da corretora. Nos EUA, há um limite de US$ 10 mil para entrar no país sem ter de declarar e para viajar com um valor acima é necessário declarar na Receita Federal no Brasil, a fim de evitar problemas com a Justiça americana. Cada país possui uma legislação, é preciso conhece-la bem durante o planejamento da viagem.

MV: É necessário guardar o recibo de compra da moeda estrangeira? Por quê?

M: Sim, pois pode acontecer da Polícia Federal pedir a origem de onde foi comprada a moeda. Por isso, é muito importante a compra ser feita em casas de câmbio ou corretoras liberadas pelo Banco Central, a operar no comércio dessas moedas.

MV: Como saber se o câmbio é justo? Dólar e Euro giram em torno de quanto?

M: Dólar e Euro custam, em média, de 5% a 5,5% sobre o dólar comercial, já incluso o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), hoje em 1,1%. Como a concorrência no mercado está grande, esse percentual tem se mantido estável.

MV: Para viajar a um país cuja moeda seja diferente de Dólar ou Euro, é melhor trocar no Brasil ou lá?

M: É interessante diversificar as moedas, mas depende do país de destino. O Dólar é bem aceito em qualquer lugar; já o Real, só em alguns. De qualquer forma, a recomendação é já sair do Brasil com a moeda local do destino, se houver essa possibilidade, pois algumas não são cambiáveis aqui. A moeda russa, por exemplo, até pouco tempo não era negociada no Brasil.

MV: Para viagens na América do Sul, qual a melhor moeda para levar, Real ou Dólar?

M: A recomendação é levar uma parte (40%) em moeda local, se existir venda no Brasil e a diferença em dólar. Alguns países aceitam o Real, nesse caso recomendamos em torno de 20%. Verificar sempre qual moeda é aceita no país de visita (Dólar, Euro ou Real).

MV: Para turistas que vão passar por vários países com moedas diferentes, como proceder?

M: O ideal seria carregar o cartão pré-pago com as moedas que serão utilizadas, mas existem poucos no mercado que suportem uma variedade de câmbio – há apenas uma opção que possibilita levar até seis diferentes. A solução é levar Dólares – uma parte no cartão pré-pago e outra em espécie – e trocar em cada local por onde passar, apesar das desvantagens das taxas.

MV: O que fazer com o dinheiro que sobrou da viagem? Há taxas para recompra?M: A recompra é garantida pelo mercado, porém, há desvalorização, pois o pagamento é feito com base no dólar comercial e com deságio de até 5%.

MV: Deixe uma dica para o leitor do Maior Viagem.

M: Sempre indicamos que o turista faça compras esporádicas e que não espere para comprar em cima do momento da viagem, pois pode ocorrer a surpresa de pagar um câmbio mais alto. Comprar aos poucos acaba fazendo uma média de sua cotação.