Entrevista: Claudemir Oliveira – responsável pela implementação do escritório da divisão de Parks & Resorts da Disney no Brasil

Claudemir Oliveira acaba de lançar o livro “Walt Disney – de Marceline para o mundo: o palco dos sonhos”, onde apresenta as estratégias do visionário Walt Disney e a arte de encantar os clientes. Claudemir foi o responsável pela implementação do escritório da divisão de Parks & Resorts da Disney no Brasil, onde trabalhou até 2000, quando foi convidado a morar nos Estados Unidos para ser responsável por estratégias globais de treinamento. Foi ainda professor da prestigiada Disney University, além de ter sido professor convidado do Disney Institute, durante os 15 anos que trabalhou para divisão de parques da companhia. Por isso, ele é nosso entrevistado na seção passaporte.

MV: Como foi o seu primeiro contato com os parques da Disney?

C: Antes de trabalhar na Disney eu trabalhei em companhias aéreas. Lembro que meu último bilhete emitido como funcionário da American Airlines foi quando levei minha mãe para Orlando, em 1992. O mais engraçado é que quando voltei ao Brasil falava com meus amigos que tinha conhecido a Disney, embora tenho ido a parques de outras marcas também. O nome é tão forte que em geral as pessoas não se referem a Orlando, é muito comum associar o destino diretamente ao nome Disney, embora existam muitas outras opções por aqui que são dos concorrentes.

MV: O que te fez virar um estudioso do universo Disney?

C: Essa minha primeira experiência demonstrava que eu não sabia nada sobre a Disney, a ponto de achar que os parques da concorrência eram tudo a mesma coisa. Quando eu abri o escritório da Disney no Brasil, apesar da minha experiência com outras empresas americanas, eu senti um pouco de dificuldade no início por ter uma cultura muito diferente das outras. Foi aí que eu resolvi estudar a vida do Walt Disney para entender a empresa. Comecei a tomar gosto por ele e passei a me apaixonar pela empresa e entender porque ela tinha essa cultura de trabalho tão diferente.

MV: Você lembra de algum caso que entender a história do Walt Disney te ajudou no seu trabalho?

C: Eu trabalhava diretamente com os operadores e agentes de viagens no Brasil e eles sempre me pediam para colocar o Mickey na capa do material promocional. Eu achava ótimo para promover a Disney, mas quando ligava para Orlando recebia a negativa. Só fui entender depois que, ao ler sobre a vida do Walt Disney, descobri que o Mickey Mouse nasceu em uma fase muito complicada da vida dele, já que ele havia perdido os direitos do seu primeiro personagem de sucesso – Osvaldo, o coelho sortudo – para a Universal. Por isso, ele acabou se tornando um cara possessivo com suas criações, ainda mais com o Mickey que foi quem o salvou da falência.

MV: O que faz os parques da Disney, apesar de relacionados ao mundo infantil, também ser um grande sucesso com os adultos?

C: Pouca gente sabe, e até conto isso no meu livro, mas a ideia da Disneyland (primeiro parque na Califórnia) surgiu quando o próprio Walt Disney observou, ao levar suas filhas para se divertir no fim de semana, que os parques eram feitos somente para crianças. Ele viu que enquanto as meninas brincavam no carrossel, os adultos ficavam sentados no banco esperando apenas. Foi aí que surgiu a ideia de construir um parque, já quase no final da vida dele, onde os adultos também pudessem se divertir. Esse conceito é que faz o grande sucesso dos parques da Disney, onde os adultos as vezes se divertem até mais que as crianças.

MV: Qual a importância do mercado brasileiro para os parques da Disney?

C: O Brasil figura sempre entre a terceira ou quarta colocação de mercado internacional. A importância desse público foi o que fez justamente o grupo abrir o escritório da divisão de Parks & Resorts no Brasil. Foi então em 1995 que eles resolveram ter esse suporte personalizado junto aos agentes de viagens no país. Meu trabalho foi então fazer treinamento com os responsáveis por vender os parques e hotéis no país, mostrando a importância na escolha dos guias que acompanhavam os grupos, treinando como eles deviam se comportar por lá, entre outros aspectos.

MV: Existe muita história sobre o comportamento dos brasileiros nos parques. É verdade que isso gera problemas?

C: Quando eu abri o escritório dos Parques & Resorts da Disney no Brasil uma das grandes preocupações da empresa era justamente esse comportamento. Fazia parte do meu trabalho pensar uma maneira de modificar isso, já que a empresa não podia ter problema com um mercado tão importante quanto o brasileiro. Foi através de muita observação que detectei que a origem não eram os adolescentes, mas sim os guias que os acompanhavam. Naquela época não existia a preocupação das agências com a qualidade do guia que acompanharia o grupo, e isso acaba causando uma série de problemas por lá. Foi então que iniciamos uma série de treinamentos com as agências no Brasil e também fizemos algumas ações nos parques para ajustar isso. Começamos a ter, por exemplo, material impresso em português disponível nos parques, contratamos brasileiros para trabalhar nos parques, e intensificamos os treinamentos em todo o Brasil. Dessa forma conseguimos modificar o que acontecia e hoje esse comportamento já modificou muito.

MV: Qual dica você dá para o leitor do Maior Viagem aproveitar ao máximo os parques da Disney?

Primeiro é preciso entender que o destino Orlando hoje é muito mais do que só os parques da Disney, incluindo outros parques. Isso é um complexo muito grande, e por isso é preciso ver quantos dias terão de viagem e também o perfil do grupo que está viajando para fazer o roteiro. Só assim será possível definir quais parques visitar, que horas ir para os parques, entre outros detalhes. Outra dica importante é fugir da alta temporada, principalmente julho, quando os parques ficam muito cheios e o calor é forte.

Quer saber mais dicas de Orlando e dos parques da Disney? Confira as matérias que temos aqui no site!